Escoar

Quanto tempo não retorno, hoje me deu vontade de escrever, como antes, eu sempre fiz isso para escoar o que estava ocupando muito espaço dentro de mim. 

Talvez essa seja uma das poucas coisas que permanece igual dentro de mim.

A internet permite que guardemos as msgs, fotos… momentos. Voltei há 10 anos atrás e vi como eu era diferente. Aquela Fernanda tinha poucas dúvidas porque ela não sabia nem do que duvidar, como se a cabeça dela não tivesse preparada ainda pro muito que viria, ela não sabia nem sequer como sentiria-se em dadas situações futuras, como reagiria, o que faria… ela não imaginava nem 10% de tudo que se passou. E se ela soubesse? Eu tenho certeza que ela daria um jeito de esquivar-se de muita coisa.

Dos 21 aos 31, com 21 ela tinha passado por muita coisa mas não sabia que as sequelas se manifestavam aos poucos, iriam alastrar depois. 

Com 26 anos, descobri a ansiedade, ela me deu diversos sinais até se manifestar com a força bruta que ela tem e nesse momento um grande portal se abriu mas com ele também, um profundo poço e desde então vencê-la e passar pelas dificuldades reais e as criadas pela mente ( sentidas como reais) se tornou muito mais difícil. Falar sobre ansiedade não é um assunto legal quando quem está do outro lado nunca sentiu, fica parecendo o “ muro das lamentações”, de fato só quem tem ou teve, sabe. 

Mas voltando a todo esse tempo atrás, percebo que foi um período em que eu já tinha saído de muita coisa que me fazia mal, então estava leve e feliz, satisfeita não, mas feliz, minha mente repousava e algumas coisas de importante eram bem definidas dentro dela.

Dois anos depois passado momentos que ficaram marcados na minha o vulcão chamado ansiedade já dava sinais que entraria em erupção, passei a comer mais e tudo era emocional, como eu não via? 

Seguiram-se os anos, algumas coisas melhoraram, outras pioram… mas permanecia a essência de ter paixões na vida, isso sempre fez parte de mim entretanto a luta pra vencer a ansiedade me fez sonhar menos, acreditar menos e também desejar menos, como se embora eu tivesse aprendido MUITO, eu também tivesse perdendo a vida aos poucos e de fato é pois a cada dia que vivemos, menos um teremos. 

Eu sei que ninguém pode resolver ou preencher algo e sinto que realmente ninguém, nem eu. 

A ansiedade me fez evoluir muito como espírito porque embora pareça desconexo, me tornei mais humana, comecei a estudar a mente para entender a minha, compreendi tantas coisas que antes eu apenas sentia sem saber o porquê, tive que retornar ao meu passado e infância diversas vezes, alguns sentimentos de inquietude que sentia, hoje são compreendidos além da Doutrina que sempre acreditei, há mais do que meritocracia, há simplesmente o entender que muitas vezes as pessoas irão fazer coisas que não faríamos. Cada pessoa irá reagir de forma distinta e cada uma vive de forma distinta ainda que as vezes de modo similar. 

Aquela Fernanda demonstrava carinho de uma forma diferente, era menos madura, tinha menos medo, tinha mais sonhos, ela não sou eu hoje. Ela não existe mais junto com o tempo que se foi. 

Comentários

Postagens mais visitadas