Ao revés.

 Oi, são tantos anos escrevendo que fica aqui guardado muito do que eu fui um dia e muito do que faltava ser, embora eu já tenha vivido uma parte considerável da vida e saiba que sempre fui muito intensa, ao estar descobrindo tanto de mim, sinto que uma parte ficava na superfície, enviesada, nunca completa, off-line, desconecta, apagada, desvanecida, como se algo impedisse que minha mente chegasse em quem de verdade eu sou e em quem nunca pude ser.

Semana passada eu vi uma entrevista em homenagem aos 40 anos da Sandy, a mesma que fez parte da minha história e de tantas outras pessoas, quem sempre admirei, quem me fez feliz incontáveis vezes e legitimante pude ser, através dessa admiração, um pouco eu, sem saber, eu lutei contra o ambiente e contra as relações interpessoais sustentando  um pouco da minha personalidade, com isso compreendo que eu fui feliz porque não sabia das intenções ruins ( ou talvez não, sejam só mesmo mentes doentes) das pessoas que influenciaram de forma incisiva no meu desenvolvimento psiquico. É claro que, tive também um contraponto, pessoas que me inspiraram, deram força, demostraram amor e me fizeram acreditar que era possível acreditar. Ainda sobre essa entrevista, há um momento em que o entrevistador a questiona sobre agora ser ou não o momento mais feliz de sua vida e ela involuntariamente expressa em seu rosto uma negativa, logo após ela diz '' Hoje estou mais calejada.'', explicitando em seus lábios uma conformação. Isso me fez pensar que a cantora que começou aos 6 anos de idade, lançou um total de 16 álbuns tendo vendido em média 20 milhões de cópias, sendo, junto de seu irmão, os primeiros brasileiros a se apresentarem solo no Maracanã e lotando o mesmo, tendo 34 anos de carreira e desde sempre provida de muito dinheiro, hoje, aos 40 anos, tendo conquistado muito mais do que 99,9% das pessoas da Terra, não se sentia completa... ela sentia-se calejada, embora, muito provavelmente tenha sido protegida de alguns tipos de situações até mesmo por falta de tempo para encará-las e tenha feito terapia desde os 18, ela também relata ter sofrido de crises de pânico diante de situação de voltar aos palcos na turnê em comemoração aos 30 anos da dupla pois não sabia se conseguiria novamente algo que ela conseguiu por 17 anos. A reposta para a pergunta que você acabou de fazer a si mesmo é: Por causa da pressão externa que nela causu por muito tempo uma pressão interna e esta com certeza é mais difícil de lidar. 

Todo esse relato me fez refletir e considerar que as questões psicológicas se apresentam de maneira muito semelhante no ser humano, cada um com suas particularidades e vivências, mas os estudos comprovam que as emoções muitas vezes são similares transformando em sentimentos e por consequência comportamentos, formando-se assim a tríade cognitiva de forma mais completa ( pensamento, sentimento, ação) e que embora, qualquer menina achasse a Sandy o ser mais perfeito do planeta ( ela em contrapartida sabia que não era, mas tentava ser) e jamais imaginaria que algo a afetasse a ponto de deixá-la infeliz, porque para nós, ainda também muito novos tudo que ela era e tinha seria motivo de contentamento e então daí podemos inferir que os fatores externos embora tenham valor no mundo, não possuem a completude de solucionar as questões internas.

No processo de entender quem eu sou, precisei localizar os pontos que foram colocados por outrem que dirimiam o caminho que eu precisava fazer para chegar no meu ser, como tudo isso é subjetivo, foi através da ansiedade que se tornou objetivo, físico e por isso eu sou, muito, grata mesmo tendo doído, explicitado minha fragilidade e por inúmeras vezes tendo que não aparentar externamente tudo isso, porém nesse decurso a vida se movimenta e os momentos difícies também sucedem, como já há uma delibidade fico vunerável também à tristeza, que me toma por muitas vezes. Hoje eu já não tenho muitos aqueles que me fizeram acreditar que era possível acreditar,  tempo passou, alguns deixaram o plano físico mas continuamos concetados pelo coração, constamente oro e lembro, sinto saudades dos momentos felizes e tão pueris que vivemos, de valor incalculável e eterno, mas também hoje tenho uma família que constituí e um cachorro que é meu filho e faz parte disso, mas o sentimento mais intenso de  nesse percurso atual é sobretudo o medo de não ser feliz novamente e capaz disso, quando lembro do ínicio do namoro, fico feliz e sinto saudades, mas não sou mais aquela pessoa, o mundo também não é igual, as pessoas, os lugares, embora eu esteja em um lugar que amo, aqui me sinto sozinha em meio a 14 milhões de pessoas, essa solidão me permitiu progredir nessa busca por mim, então na maioria do tempo estou bem quanto a isso, mas sinto medo (novamente) de não ter novas lembranças porque estou introspectivamente desvendando o meu próprio sujeito, sei que nesse curso, aos poucos, vou conseguindo avançar e me permitir realizar tarefas que minha mente ainda reprime, concomitantemente a isso, me questiono do que realmente é necessário buscar, pois há coisas que não compram tempo e principalmente momentos que se tornarão as lembranças que nos farão ver que fomos felizes.


Com amor, Fê.

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